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Jaime F. Ribeiro

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

CONSOLIDAÇÃO DA ESTRUTURA DOS RELÓGIOS MECÂNICOS

Entrada 22
rev. Fev.28,10

O desenvolvimento operado, inicialmente de forma artesanal, na fabricação de relógios, até meados do século XVII e o interesse que os mesmos foram suscitando nas entidades eclesiásticas, publicas e privados abastados, conduziram, inevitavelmente, à necessidade de uma certa normalização na forma de fabricar relógios, favorecida naturalmente, pelo emergir da criatividade humana de processos de desenvolvimento cada vez mais inovadores, acabando por dar origem a uma actividade de produção em série, certamente precursora mundo industrial moderno.

Ainda que os volumes de produção só comecem a aumentar a partir do século XVII a verdade é que já no século anterior, nomeadamente durante a segunda metade, são conhecidas fábricas de relógios de torre, de apartamento e de quarto, na Suíça, em Zurique, Winterthour, Le Locle ( O museu de Le Locle tem relógios deste período); na França , onde emergem os famosos relógios Morbier e Morez ( aos quais dedicaremos um próximo artigo ) , mas também na Itália e na Alemanha , que juntamente com a Inglaterra formavam, na época, o conjunto das nações relojoeiras.

A Inglaterra teve particular destaque, graças ao espírito inventor de muitos dos seus relojoeiros e à qualidade dos mecanismos produzidos. Mostraremos, em baixos alguns exemplos de invenções e relógios.

É durante este rico período da consolidação da estrutura dos mecanismos de relojoaria que , em 1649, Vincenzio, filho de Galileo, constrói o primeiro protótipo de um pêndulo segundo a teoria do isocronismo e desenhos deixados por seu pai .








Em 1655 Christian Huygens inventa a suspensão para o pêndulo, flexível, que passa a ser um marco histórico na produção de relógios de precisão. Se até então a precisão de um relógio se media em minutos, a partir da invenção de Huygens passa a ser medida em segundos .

Falta foto suspensão

Em 1671 , em Londres , Inglaterra , William Clement e Robert Hook, trabalhando em conjunto , inventam o escape de âncora que vai permitir uma explosão deste novo mecanismo em todo o tipo de relógios.













Com as invenções deste período, fica, praticamente completa a estrutura dos relógios tal como ainda hoje a conhecemos e que mostramos, em baixo, exceptuando, naturalmente os relógios electrónicos / digitais, mais sofisticados, que não fazem parte desta avaliação.

Estrutura de um relógio mecânico normal:

1 Platinas
2 Fonte de energia motora
3 Transmissão ou engrenagens ( inclui sistema de minuteria )
4 Sistema de escape
5 Sistema de regulação
6 Sistema de informação

Platinas: Em tecnologia de relojoaria, chamamos de platinas às peças (em barra ou em chapa ) que servem de apoio às engrenagens . Ao longo do tempo, as platinas também evoluíram bastante, tendo em consideração não só o seu aspecto estético mas principalmente devido à necessidade de redução do atrito, no movimento de rotação dos pivots dos eixos das rodas e carretos. Também a matéria prima usada na sua fabricação evoluiu, passando da madeira usada inicialmente, para o ferro fundido, o aço, o alumínio e finalmente o latão.









Fonte de energia: Para mover as engrenagens é necessária a existência de uma força motriz. Nos relógios mecânicos esse força é produzida por uma de duas fontes : Pesos e molas ou cordas . Com o aparecimento da electricidade surgiram também pequenos motores eléctricos como fonte de energia .
Inicialmente apenas eram usados os pesos e este facto era bastante limitador da mobilidades dos relógios e do seu uso doméstico. A descoberta da mola ( ) foi fundamental para dar aos relógios uma outra dimensão de mobilidade e decoração.


















Transmissão: Chamamos transmissão ao conjunto de rodas e carretos que constituem o mecanismo. Num relógio simples existem , em regra , três rodas de movimento e a roda de escape. Para além do mecanismo de movimento um relógio pode ter outros, como por exemplo; o mecanismo de sinalização de horas, meias horas e quartos e também mecanismos para melodias ( casos de carrilhões com Ave Maria de Fátima e de Westminster ) ou ainda mecanismos de astrologia, em relógios mais complexos.
As rodas dos relógios foram inicialmente fabricadas em madeira e os carretos feitos com cavilhas de aço cilíndricas. Posteriormente as rodas passaram a latão com grandes cavados para reduzir peso e atrito e os carretos são fabricados em aço, fazendo parte integrante do eixo das rodas.
Uma das particularidades das engrenagens de relojoaria é o perfil dos seus dentes, dado tratar-se de engrenagens desmultiplicadores de força, onde qualquer atrito é naturalmente, relevante .





Desenho




Sistema de escape : Este sistema transmite ao sistema regulador a energia recebida do órgão motor e de forma adequada às oscilações pré estabelecidas , na construção do relógio, vai libertar ( deixar escapar ) aquela energia, permitindo assim uma marcha correcta dos ponteiros . O sistema de escape é constituído por duas peças: A roda de escape e a ancora . A ancora é a peça que faz a ligação entre a roda de escape e o sistema regulador e transforma o movimento circular em movimento oscilante
Nos relógios que vimos a apresentar existem basicamente três tipos de escape:



Desenho







Sistema de regulação: Chama-se sistema de regulação, ao órgão oscilante, pêndulo ou balanço que vai determinar o rigor da marcha do relógio. No caso dos relógios fixos, o órgão oscilante por excelência é o pêndulo ( inventado por Galileo ( 1641 ) . O seu aspecto decorativo também evoluiu bastante ao logo dos tempos. No caso dos relógios de pêndulo e para uma marcha correcta e ainda importante referir a forquilha de transmissão e a suspensão.
























A necessidade de criar relógios cada vez mais portáteis ou móveis deu , obviamente, ao conjunto balanço espiral, inventado por Chritian Huygens em 1675, o predomínio deste órgão regulador, na marcha destes tipo de relógios.




















Sistema de informação: Basicamente o sistema de informação é aquele que através de um mostrador e dos ponteiros nos indica a hora, os minutos e eventualmente os segundos. Com os tempos foram introduzidas outras informações, como a indicação sonora de horas, meias horas e quartos e também melodias, tipo Westminster e Ave Maria de Fátima .













Exemplos re relógios Ingleses deste período:















A partir do início do século XVIII e até finais do século seguinte, dá-se uma autêntica explosão da relojoaria, para a qual contribuem a capacidade criativa e o prestígio inovador de muitos relojoeiros, alcançada na construção de maravilhosas obras primas, na arte de fazer relógios, bem como do desenvolvimento tecnológico alcançado pelo aperfeiçoamento da engenharia mecânica, que vão responder às exigências, cada vez maiores do mercado. Além dos relojoeiros, neste processo foram igualmente determinantes muitos empresários e artistas do sector da relojoaria em países como a França e Inglaterra. Posteriormente também Alemanha – floresta negra, e até Portugal – Reguladora ( 1892) deram a sua importante contribuição para esta actividade que teve tanto de engenho como de arte !

Seguem-se fotos de alguns exemplares, de referência, desta época de ouro da Relojoaria europeia.












Oportunamente colocaremos uma entrada dedicada à produção da Fábrica Nacional de Relógios- Reguladora , empresa na qual o autor deste blog foi director, do sector de relojoaria, durante 6 anos .

No próximo artigo iremos abordar os famosos relógios Franceses de Morez, nas suas quatro gerações desde o a seu aparecimento , por volta de 1650, até aos nossos dias. Uma das máquinas preferidas pelo autor deste blog.