RELÓGIOS GÓTICOS
Transição, nos instrumento de medição do tempo, para os Relógios Mecânicos .
“ Ficámos decadentes logo que perdemos as novas tecnologias, dos relógios e outras . Perdemos ( …) também a economia dos mares em favor dos fabricantes dos relógios, os ingleses e os holandeses “
Parece evidente, que ao longo da história da humanidade, as pessoas sempre inventam ou descobrem os recursos, de que necessitam, para satisfazer as suas necessidades.
O caso da Relojoaria não é excepção. E, de facto, as necessidades que as pessoas foram tendo em medir o tempo, em intervalos cada vez menores e com maior rigor, além também de disporem de instrumentos tão independentes quanto possível, da instabilidade e curta duração das fontes de energia, acabaram por conduzir, no finais do século XIII, princípios do século XIV, ao aparecimento dos primeiros Relógios Mecânicos, que apresentavam significativas melhorias relativamente aos instrumentos anteriores ( Relógios de Sol, Clepsidras, Ampulhetas e outros ).
Embora existem duas referências históricas da existência relógios, considerados mecânicos, anteriores ao ano de 1300, uma em Chartres-França datado de 1258 e outra em Londres , de 1283 e de que o sistema de escape usado nos relógios, foi uma invenção de um senhor chinês chamado IHING no ano 726, da nossa era, a verdade é que existe um enorme consenso de que foi em 1300, na Catedral de Bauvais - França, que foi instalado o primeiro relógio considerado mecânico.
Seguindo-se uma enorme lista de locais religiosos e públicos, por toda a Europa, onde foram instalados aqueles relógios, com sucessivas inovações,quer de design quer de funcionamento. A título de curiosidade indico algumas dessas datas e locais de instalação, mais emblemáticos, nos primeiros 100 anos .
1306 – Milão – Itália, Igreja de St. Eustorgio, reconhecido como o primeiro relógio em Itália com mostrador no exterior.
1334 – Paris – França “ C’est l’horloge du Palais / Qui marche comme il lui plait “
1344 – Londres – Inglaterra. É instalado o relógio da Catedral de St. Paul, com indicação sonora das horas.
1354 – Strasbourg – França, Catedral. Primeiro relógio com informação astronómica.
1363 – Zurich – Suisse , Igreja de St. Pierre com informação sonora
1368 – Londres, Abadia de Westminster, relógio com informação sonora.
1380 – Frankfurt – Alemanha, Catedral, relógio astronómico.
1407 – Bale – Suisse, é instalado um relógio público, na fachada da Câmara Municipal
Durante os dois séculos que se seguem, XV e XVI, são aos milhares os relógios mecânicos instalados , em igrejas , conventos , palácios e locais públicos, por toda a Europa, para além dos de utilização doméstica e cada vez com informação mais completa sobre as horas e astronomia, ainda que no essencial e durante este período mantenham basicamente à mesma estrutura construtiva.
Todos este mecanismos de torre ou domésticos, têm nos pesos a sua fonte de energia, o sistema de escape é o Foliot ou Foliot circular e o sistema das engrenagens (rodas e carretos ), são colocados na vertical e apoiados numa estrutura de ferro com “ buchas “ de bronze . Esta estrutura vai manter-se até cerca de 1741, altura em que a luta pelo predomínio do mercado deste relógios, entre a França e Inglaterra, leva o Francês Julien Le Roy a inventar uma nova estrutura com a colocação do “ trem “ de engrenagens na horizontal. Este sistema, por ser mais económico ( menos peças e menos trabalho ) , melhor distribuição da força e menos atrito, logo mais duração e ainda maior facilidade de montagem e desmontagem ( importante nas manutenções ), acabou por se impor ao mercado, como o relógio mecânico de torre, ideal, e assim chegou até aos nossos dias com a designação de relógio horizontal, para os distinguir da estrutura vertical, com que inicialmente apareceram.
A figura 1 mostra o esquema básico dos primeiros relógios mecânicos
A figura 2, o princípio de funcionamento do escape Foliot
A figura 3, um relógio de torre vertical
A figura 4 um relógio de torre horizontal do palácio da Bastilha- França
O desenvolvimento da relojoaria é reconhecido como um valioso contributo para o progresso da ciência e da economia e os seus protagonistas valorizados e prestigiados .
E em Portugal ? …A tradição !... :
“ Ficámos decadentes logo que perdemos as novas tecnologias, dos relógios e outras . Perdemos ( …) também a economia dos mares em favor dos fabricantes dos relógios, os ingleses e os holandeses “ – Carlos Fiolhais, referido no livro, História do Tempo em Portugal, de Fernando Correia de Oliveira.
Enquanto em França e outros países da Europa , em meados do século XIV, a profissão de relojoeiro e construtor de relógios é reconhecida, prestigiada e fonte de progresso económico e tecnológico, em Portugal segue-se a tradicional indiferença / apatia / arrogância ( ? ), sendo que as primeiras informações relevantes datam de meados/ finais do século XVI ( duzentos anos depois da França ! ). Entre nós, existem referências dispersas à profissão de relojoeiro, como na cidade de Lisboa -1570 e a um “mestre de fazer relógios “ em Guimarães – 1585 e a alguns locais com relógios de torre com Santarém, Marvila , Serpa, Tomar e outros , mas sem se perceber bem a lógica da sua instalação, a sua importância ou contributo para o desenvolvimento local ou regional.
Até princípios do século XVII são irrelevantes as referências sobre a importância dos relojoeiros e de construtores de relógios, em Portugal, bem como do seu contributo para o desenvolvimento da economia, da ciência e da tecnologia nacionais, ao contrário do que estava sendo feito por toda a Europa e foi continuado nos séculos, onde a evolução da relojoaria teve um contributo fundamental no desenvolvimento de atitudes profissionais e sociais de rigor.
Assim e talvez mais grave do que termos perdido a tecnologia, foi não termos aprendido a estar a horas e a fazer o que deve ser feito, quando tem de ser !
Nos finais do século XV dão-se ainda duas descobertas importantes, para a evolução da relojoaria, o aparecimento da “ mola “ como órgão motor , que começa a substituir os pesos nos “ relógios domésticos” – 1460, com o aparecimento dos primeiros relógios de mesa – fig.5, e os estudos de Léonard de Vinci – 1494 sobre um seu sistema de escape para relógios de pêndulo, que não chegou ser realizado.
Fig. 5
No século seguinte, em 1583 Galileo descobre o isocronismo das oscilações do pêndulo. Tendo sido condenado pela inquisição em 1633, Galileo transmite ao seu filho Vincenzo em 1641, o resultado dos seus estudos de um sistema de escape para pêndulo.
Com o aperfeiçoamento dos relógios de torre, o aparecimento da “mola “, como fonte de energia e as descobertas de Galileo nasce uma nova Era na relojoaria e para a ciência em geral. Mas sobre isso falaremos noutra ocasião.
Relojoaria já foi uma actividade principal do autor deste blog. Hoje é um hobby, que o autor cultiva, para colaborar na difusão da tecnologia de precisão, secular, e da beleza artista, que a maioria dos relógios mecânicos, consubstancia e que tantos admiradores tem granjeado à volta do mundo. Comentários e outras colaborações são bem vindos, para ajudarem a desenvolver este blog.
curiosidades
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Caros visitantes este Blog vai passar a ter duas páginas. Esteja atento à nova página: TECNOLOGIA DE RELOJOARIA.
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Jaime F. Ribeiro
Boa noite.
ResponderEliminarTenho um relógio antigo que divulguei na OLX pelo link
http://www.olx.com.br/iid-486231664?invite=CRMad-pending-BR_item_text&a=99&utm_source=crm_email&utm_medium=email&utm_content=item_text&utm_campaign=ad-pending
poderia me dizer se há alguma informação sobre esse relógio e valor? Obrigada, Nilane