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Jaime F. Ribeiro

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

CURIOSIDADES DA RELOJOARIA PORTUGUESA

2- Primeira rede horária nacional sincronizada

Quem tenha acompanhado a evolução Sistema Eléctrico Nacional sabe que este teve a sua origem no início da década de 50 do século XX, com o arranque do primeiro Plano de Fomento Nacional, que veio dinamizar a construção de barragens hidroeléctricas. Foram pelo menos 12 as barragens construídas naquela década, com um total de 840 MW instalados.
A industrialização do país, na consequência daquele Plano de Fomento e de outros que se seguiram impuseram um ritmo crescente de produção de electricidade de tal forma que em meados dos anos 70 Portugal dispunha de 21 centrais hidroeléctricas que perfaziam cerca de 2500 MW de potencia instalada, para além da produção térmica, que entretanto se começou a desenvolver e de tal forma que representa hoje cerca de 65 % do total da potencia instalada.
De forma semelhante ao que acontece hoje, em meados dos anos 60 do século XX Portugal dispunha de três infra-estruturas básicas desde a produção até distribuição de electricidade. Efectivamente existiam várias empresas produtoras ( hidros e térmicas ), uma única empresa transportadora em alta tensão, a CNE- Companhia Nacional de Electricidade ( que comprava às produtoras e vendia às distribuidoras) e várias empresas distribuidoras que faziam chegar a electricidade a casa das pessoas e às empresas ).
Se inicialmente o importante era produzir electricidade, a partir do princípio dos anos 60, começou a haver consciência do desperdício que então havia, nas várias fases do sistema e da necessidade de serem introduzidos processos de controlo que melhorassem a produtividade da rede.
Um desse desperdícios claramente identificado dizia respeito ao desfasamento existente nos processos de medição do tempo entre os três operadores do Sistema Eléctrico Nacional.
Esta questão eram importante porque um disparo numa subestação do transportador ( CNE ), que provocasse uma falta de energia na subestação do distribuidor ( ex CRGE ), era certo e sabido que dava origem a enorme discussão devido ao desacordo, entre as partes, sobre a hora exacta em que havia ocorrido o respectivo corte de energia, porque os valores em causa eram obviamente elevados.
No primeiro trimestre de 1965, estava eu a estagiar em Inglaterra, fui procurado pelos responsáveis do então Laboratório da CNE, em Sacavém ( mais tarde Serviços Técnicos Especiais ), que me convidaram para ingressar na companhia e assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento do projecto de uma rede horária nacional, para a empresa, mas que ao mesmo tempo pudesse servir de referência para os produtores e distribuidores de electricidade.
A surpresa não podia ser maior. Porquê eu ? Porquê agora ? como me descobriam ? como me vou sair desta ? etc, etc.
Fui então informado das necessidades da companhia em resolver o seu problema de falta de sincronização dos sistema horários existente, que a solução seria uma rede horária sincronizada, que o então administrador da empresa ( Eng. Ferreira Dias ) havia visto na Electricité de France, mas que havia exigido aos responsáveis pelo Laboratório que os futuros relógios a instalar tivessem origem nacional e que a razão da minha escolha havia resultado da sugestão do meu antigo professor e mestre de relojoaria, o Suíço H. Walter Sutter, então director da Fabrica Nacional de Relógios – Reguladora, em V.N. Famalicão , que por falta de disponibilidade se havia recusado a desenvolver o projecto e os protótipos, mas que uma vez estes desenvolvidos fabricaria os relógios.
Postas as coisas neste termos e tendo presente o meu interesse pela relojoaria decidi aceitar a oferta que me fizeram e em Junho de 1965 iniciei o projecto da rede horária nacional sincronizada da CNE, com o desenvolvimento e produção dos relógios protótipo, que completei em finais de 1966. Convém lembrar que nesta época a empresa dispunha de um Laboratório excelentemente equipado com equipamento apropriado, nomeadamente, para o fabrico de peças para a manutenção e reparação de aparelhos de medida eléctricos espalhado pelas subestações no país.
Terminados os protótipos e quando me propunha a discutir com o meu antigo Mestre de relojoaria (Walter Sutter ), a produção industrial pela Reguladora, sou informado de que ele havia rescindido o seu contracto e que ia regressar à Suíça. Mais, informou-me que me havia recomendado, à administração da Reguladora, como seu substituto.
Após algumas hesitações, com a compreensão dos meus chefes e o apoio da família, em Fevereiro de 1967 lá ”imigrei” para Famalicão e em meados de 1970 havíamos completado a entrega, aos Serviços Técnicos Especiais da CNE dos relógios encomendados, com a configuração que se mostram em baixo.
Numa próxima entrada iremos mostrar o circuito eléctrico deste relógios e as facilidade por eles proporcionadas.

Aspecto exterior de uma unidade de comando


Vista interior dos Relógios e caixa de comandos


Esquema eléctrico de um dos Relógios